O Plano Real, lançado 1º de julho de 1994, foi a sétima tentativa, desde 1986, de conter a inflação que prevalecia no Brasil. Embora ainda tenha desafios a superar, o país deixou para trás o histórico de instabilidade econômica que marcou o século XX. O Como Investir separou 25 curiosidades sobre a implementação do Plano Real e a sua existência nas últimas décadas. Confira:
Antes da implementação do Plano Real, o Brasil passou por seis planos econômicos de estabilização, entre 1986 e 1994, que fracassaram: Cruzado 1 (fevereiro de 1986) e Cruzado 2 (novembro de 1986), Bresser (1987), Verão (1988), Collor 1 (1990) e 2 (1991).
Na época, a inflação diminuía momentaneamente, mas voltava com ainda mais força. Em 1993, a situação ficou insustentável: a inflação chegou a 2.477% no ano. Em junho de 1994, mês anterior à implementação do Plano Real, a inflação superou os 47%.
O Plano Real foi desenvolvido durante a presidência de Itamar Franco, pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso. Entre os autores da estratégia estavam economistas reconhecidos, como Pérsio Arida, Edmar Bacha, André Lara, Gustavo Franco e Pedro Malan.
O plano foi implementado em três fases, que eram anunciadas antecipadamente. Uma delas foi a criação da URV, ou unidade real de valor. A URV era uma “quase moeda”: tudo continuava a ser pago em cruzeiros reais, que era a moeda vigente, mas os preços passaram a ter referência numa unidade de valor estável. A cada dia, o Banco Central fixava uma taxa de conversão da URV em cruzeiros reais, baseada na média de três índices diários de inflação.
Antes do real, o Brasil teve outras oito moedas: réis, cruzeiro, cruzeiro novo, cruzeiro (novamente), cruzado, cruzado novo, cruzeiro (pela terceira vez) e cruzeiro real.
O frango e o pãozinho francês se tornaram símbolos do Plano Real. Em 1994, era possível comprar um quilo de frango ou dez pães franceses com uma nota de R$ 1.
O consumo de iogurte também ficou mais acessível com o Plano Real. Por conta disso, a venda desse produto cresceu 86% em quatro anos, segundo o Ministério da Fazenda.
Em 1995, primeiro ano completo com o Plano Real já implementado, a inflação foi de 22%. Já em 1998, os preços avançaram 1,65%, a menor inflação anual registrada.
No lançamento do Plano Real havia sete variações de moedas (R$ 0,01; R$ 0,05; R$ 0,10; R$ 0,25; R$ 0,50 e R$ 1) e cinco de cédulas (R$ 1; R$ 5; R$ 10; R$ 50 e R$ 100).
A nota de R$ 2 apareceu em 2001, a de R$ 20 em 2002 e a de R$ 200 em 2020.
A moeda de R$ 0,01 deixou de ser emitida em 2004 pelo seu alto custo de emissão e sua baixa circulação.
Já a cédula de R$ 1 deixou de ser fabricada em 2005 e passou a ser substituída pelas moedas de mesmo valor.
Atualmente, cédulas de R$ 1 são negociadas por colecionadores como relíquias, por valores que podem chegar a R$ 160.
Para evitar falsificações, a marca d’água da primeira versão da nota de R$ 1 precisou ser trocada: a cédula era lavada com água sanitária e transformada em uma de R$ 100.
Quando o Plano Real foi criado, o valor de R$ 1 era exatamente igual ao de US$ 1. O governo controlava artificialmente a cotação da moeda americanapara estabilizar a economia do país. Em função disso, houve um boom de abertura de lojas de R$ 1,99 em todo o Brasil.
Em outubro de 1994, o dólar chegou a ser cotado em torno de R$ 0,82.
Em comemoração aos 500 anos de descobrimento do Brasil, em 22 de abril de 2000 foi lançada uma edição limitada de cédulas especiais de R$ 10 em material plástico.
Em 2010 foram lançadas novas cédulas do real: cada valor com um tamanho diferente, do menor para o maior. O objetivo foi de facilitar a utilização pelos deficientes visuais.
A faixa holográfica e os desenhos personalizados a cada valor das cédulas são medidas de segurança para evitar falsificações das notas de real.
As imagens das cédulas de real fazem homenagem à fauna brasileira e também são elementos que ajudam no combate às falsificações. A nota de R$ 2 é representada pela tartaruga-de-pente, a de R$ 5 pela garça, a de R$ 10 pela arara-vermelha, a de R$ 20 pelo mico-leão-dourado, a de R$ 50 pela onça pintada, a de R$ 100 pela garoupa e a de R$ 200 lobo-guará.
Durante a implantação, o Plano Real enfrentou três grandes crises mundiais: a Crise do México (1995), a Crise Asiática (1997-1998) e a Crise da Rússia (1998). Nos três casos, o Brasil foi afetado diretamente, porque investidores estrangeiros tiravam grandes somas de dinheiro do país ao menor sinal de crise.
Para manter a estabilidade da economia, foram necessárias algumas medidas, como a criação da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira.
O Plano Real conseguiu domar a inflação, mas os preços continuaram subindo ao longo dos anos. A inflação acumulada medida pelo IPCA, desde julho de 1994 é de mais de 500%.
Em 1994, o salário-mínimo era de R$ 64,79.
A história da criação e implementação do Plano Real virou filme, baseado no livro do jornalista Guilherme Fiúza (3000 Dias no Bunker). O plano por trás da histórianarra a trajetória da equipe econômica liderada por Fernando Henrique Cardoso para vencer a hiperinflação, criando uma nova moeda.
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