Se você já tentou mudar um hábito, qualquer que seja, deve ter percebido que isso não acontece do dia para a noite. Na verdade, uma mudança envolve várias etapas. Elas precisam ser superadas para que você esteja certo de que realmente passou a fazer as coisas de um jeito diferente do que fazia no passado. Essa “espiral de aprendizagem” vale também para a vida financeira. Quem já tentou mudar a forma como consome, economiza ou investe se deparou com as diferentes etapas da espiral de aprendizagem. Mas como avançar sobre cada uma delas?
A espiral de aprendizagem pressupõe quatro etapas fundamentais. E elas valem tanto para quem quer mudar hábitos financeiros quanto alimentares ou educacionais, por exemplo. Essas etapas são chamadas de incompetência inconsciente, incompetência consciente, competência consciente e competência inconsciente.
Espiral de aprendizagem: fases 1 e 2
Complicou? Para você entender melhor, preste atenção a esse exemplo. Imagine alguém que tenha crescido em uma família com maus hábitos alimentares. Se essa pessoa se acostumou a comer fast-food diariamente desde a infância, isso é o que considera normal. Talvez chegue à idade adulta sem nem saber que tem um problema – essa é a fase chamada de “incompetência inconsciente”.
Por algum fato externo – resultados ruins em exames de saúde, por exemplo – esse alguém talvez descubra que comer fast-food diariamente não faz bem. O ponto em que se percebe a existência de um problema é chamado de “incompetência consciente”. O momento de tomar uma decisão sobre o que fazer agora que o problema é conhecido – nesse caso, mudar ou não a alimentação? – é o mais difícil. Enquanto ela não é estabelecida, nada muda.
Espiral de aprendizagem: fases 3 e 4
Se a escolha for por mudar o hábito, a pessoa inicia um processo de preparação. Passa a estudar alternativas e elaborar um plano de mudança. Essa fase é chamada de “competência consciente”, quando há um esforço consciente para resolver o problema. Nesse caso, é o momento em que a pessoa passa a pesquisar novas receitas mais saudáveis, substituir alimentos industrializados por outros naturais, entre outras ações.
Por algum tempo isso tudo demanda esforço. Mas conforme se acostuma à nova dieta, ela passa a ser algo natural. É quando chega a fase chamada de “competência inconsciente”, em que esse movimento deixa de ser difícil e se torna normal.
Espiral de aprendizagem: Aplique esse conceito nas suas finanças
Com as finanças, a espiral de aprendizagem funciona do mesmo jeito. Pense na aposentadoria. Um jovem de 25 anos talvez não se dê conta de que precisa guardar dinheiro para a velhice (incompetência inconsciente). Percebe essa necessidade ao ver a vida difícil de algum parente, que não economizou ao longo da vida e agora não tem previsão de parar de trabalhar (incompetência consciente). Começa a se interessar pelo assunto e passa, ainda com um tanto de esforço, a economizar um pouco todo mês (competência consciente) até transformar a poupança mensal de uma parte do salário em um hábito contínuo e pouco trabalhoso (competência inconsciente).
A espiral de aprendizagem foi apresentada por Martin Iglesias, vice-presidente do comitê de Educação de Investidores da ANBIMA (que mantém o Como Investir), durante uma palestra no seminário Como Investir, promovido pela Associação. Sua opinião sobre o assunto: “A maior parte dos problemas financeiros das pessoas são resolvidos apenas com as quatro operações básicas da matemática. Mas a postura em relação aos gastos, ao que se pode gastar e o quanto se deve poupar, isso não é matemática. É vontade, é decisão”. É, basicamente, aplicar a espiral de aprendizagem com atenção e dedicação!
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