Diariamente, sites e jornais trazem o sobe e desce da moeda americana. Em nossa opinião, é muito importante acompanhar essa oscilação, pois ela impacta diretamente na forma como consumimos, mesmo estando no Brasil. Então, surge aquela dúvida: qual a relação do dólar comercial x turismo?
Entre os nossos leitores, percebemos que essa é uma curiosidade recorrente. Por isso, aproveitamos o momento para explicar o que você precisa saber sobre o tema, esclarecendo o que são e para que servem essas taxas de câmbio. Agora, vamos para o conteúdo!
O que é o dólar comercial?
A começar pela taxa mais famosa. Sabe aquele valor divulgado diariamente pela imprensa? Pois então, esse é o dólar comercial. Em essência, essa é a cotação real da moeda americana em função da nossa moeda, sendo diretamente impactada pelo mercado interno, assim como pelas influências econômicas de tudo que acontece no mundo.
A melhor forma de entender o porquê o dólar comercial recebe esse nome é olhando para o seu objetivo. Basicamente, essa é a cotação utilizada como referência por empresas que exportam ou importam produtos e serviços, além de orientar as transações financeiras do governo e de bancos no exterior.
Um exemplo fácil de entender é considerar os eletrônicos importados. Com a alta do dólar comercial, aquele mesmo produto chegará nas prateleiras custando mais caro. Já para as empresas que exportam, o dólar comercial alto é uma oportunidade, pois elas conseguem diminuir seu preço lá fora, deixando seus produtos mais competitivos, enquanto preservam uma boa margem de lucro.
Como funciona a cotação do dólar comercial?
Tecnicamente, a cotação do dólar comercial é definida pelo próprio mercado financeiro, oscilando diariamente, conforme a oferta e demanda pela moeda. Mas apesar dessa flutuação, é apenas quando o mercado de câmbio fecha que ocorre a divulgação da cotação oficial, a Ptax, que é a média das taxas informadas pelos negociantes ao longo do dia.
Já em outras situações, é possível que você tenha reparado em notícias sobre o Banco Central, comunicando que essa instituição que fez ou fará intervenções, comprando dólar no mercado ou vendendo as reservas em dólar que possui, com a finalidade de preservar o valor da moeda nacional. Nesses casos, o dólar comercial pode subir ou descer de acordo com a ação do Banco Central, o que impacta diretamente a cotação do dólar.
O que é o dólar turismo?
Já o dólar turismo é aquele que compramos quando vamos fazer uma viagem para outro país. Na prática, esse “tipo” de dólar é usado para compra de passagens aéreas, assim como para gastos realizados em lojas no exterior, por exemplo. Além disso, quando você compra um produto num site estrangeiro, é a cotação do dólar turismo que servirá de referência para o câmbio.
Quem viaja para fora e faz compras no cartão de crédito também precisa prestar atenção no preço do dólar turismo, pois ele é usado para a conversão das despesas efetuadas em moeda estrangeira na hora do fechamento da fatura do cartão.
Então, não se assuste: quando você compra dólar para uma viagem, é natural pagar um pouco mais pela moeda americana. E isso acontece porque as pessoas físicas compram quantidades menores de dólar que as empresas, por exemplo. Por isso, os custos administrativos e financeiros acabam sendo maiores nessas operações. Além disso, as corretoras de câmbio também têm taxas para fazer as transações.
Como funciona sua cotação e por que ele é mais caro que o comercial?
Por atender um nicho muito mais específico, o dólar turismo agrega vários custos em sua cotação, o que acaba justificando a sua diferença de preço entre o dólar comercial e o turismo. Em essência, essa cotação é influenciada por alguns fatores.
O primeiro deles é o volume. Pois veja, o dólar comercial não pode ser diretamente comprado por pessoas físicas, enquanto o turismo sim. No entanto, as pessoas físicas não vão comprar um volume tão grande quanto as empresas e, logo aqui, já temos o primeiro motivo para a disparidade de preços.
Já o segundo fator é o mais impactante de todos: os custos agregados. Afinal de contas, o dólar turismo deve ser adquirido em instituições intermediárias, como as casas de câmbio. Para trabalharem de maneira sustentável, essas agências injetam no preço do dólar turismo vários dos custos necessários ao seu funcionamento, como os gastos com segurança, as tarifas de transação e a margem de lucro operacional, assim como acontece com qualquer outro negócio.
Por isso que, no fim das contas, o Valor Efetivo Total do dólar turismo sempre é maior do que o dólar comercial. A fim de ilustrar essa ideia, veja a comparação das cotações do fim do pregão do dia 01 de setembro deste ano:
· dólar comercial R$ 5,37;
· dólar turismo R$ 5,68 – sem considerar as taxas agregadas pelas agências, além de tributações específicas, como o IOF, o Imposto sobre Operações Financeiras.
Por que o dólar subiu nos últimos tempos?
Por uma soma de vários motivos. Pois veja, a relação entre duas moedas sempre pressupõe o desempenho de duas economias entre si. Se pensarmos no real em relação ao dólar, existem vários elementos que costumam contribuir para a desvalorização da nossa moeda. Aqui vamos compartilhar dois.
Então, vamos lá! Se o dólar subiu em relação ao real nos últimos meses, isso significa que o real se desvalorizou, certo? Exatamente… Para que isso aconteça, existem algumas causas específicas. A primeira é o déficit do balanço de pagamentos, uma estrutura que registra o saldo das transações que o país faz com o resto do mundo. Apesar do nome complexo, a ideia é bem simples, significando que o país está perdendo reservas internacionais, enviou mais dólares do que recebeu, entende?
Ela compreende duas contas. A primeira de transações correntes que engloba a balança comercial (exportações e importações do país), serviços (transportes, viagens internacionais, seguros, pagamentos de royalties) e transferências unilaterais (remessas de pessoas ou empresas). A outra parte do balanço de pagamentos é a conta capital e financeira que envolve investimentos e transações de mercado financeiro entre o país e o exterior. Um déficit indica que os recursos estão deixando o país, assim, tem um aumento da demanda por dólar e elevação da sua cotação em relação à moeda nacional.
Já a segunda alavanca é a taxa de juros na economia americana. Quando os juros de lá sobem, existe uma tendência natural de que muitos investidores retirem seus recursos da nossa economia e levem para lá, aproveitando tanto um acréscimo na rentabilidade como a melhor solidez econômica. Porém, podem ocorrer circunstâncias extraordinárias como a recente crise econômica e financeira provocada pela pandemia do novo coronavírus, quando os juros norte-americanas chegaram perto de zero, mas o Real também se desvalorizou, decorrente de movimentos de saída de recursos externos no país.
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