Você sabia que, de certa forma, o mercado financeiro funciona como um pêndulo? Ora está pendendo mais para um lado, ora para o outro. Dentre os diversos fatores que movimentará esse pêndulo está a Selic.
Afinal, essa é a taxa básica de juros e um dos indicadores mais importantes da economia brasileira. Com isso, ela afeta os juros praticados no mercado, os investimentos da renda fixa e as alternativas negociadas da bolsa de valores.
Quer entender quais são os efeitos da Selic sobre o cenário da bolsa brasileira? Continue a leitura e saiba mais!
Para começar, é preciso saber que, além da taxa Selic interferir no custo do crédito, também tem impacto nos investimentos — e isso vale tanto para a renda fixa quanto para a renda variável. Então, se você já investe ou pretende investir seu dinheiro em breve, é preciso entender mais sobre o assunto.
Na prática, a taxa Selic afeta, direta ou indiretamente, todos os investimentos de renda fixa.
Há aplicações com rendimento diretamente atrelado a ela, como a caderneta de poupança e o Tesouro Selic, e outros investimentos que dependem do desempenho dessa taxa.
Por exemplo, existem títulos pós-fixados que rendem conforme o Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Como o CDI acompanha a Selic, o avanço da taxa básica de juros pode tornar esses investimentos mais rentáveis. Já a rentabilidade dos títulos prefixados segue uma taxa fixa, que também acompanha o comportamento da Selic.
Se a Selic subir, é provável que o rendimento do título prefixado seja maior dali pra frente para que a aplicação fique atrativa. E é por isso, que a alta da Selic faz com que a renda fixa se torne mais rentável. Como consequência, a renda variável perde destaque.
Interessante, não é?
Essa relação risco x retorno prevê que ganhos maiores com os investimentos estão associados a riscos mais elevados.
Quando a Selic sobe, a renda fixa gera mais ganhos. Isso significa que a renda variável precisa oferecer um potencial de resultados muito maior do que a renda fixa para ser atraente para o investidor.
Afinal, não costuma fazer sentido se arriscar na renda variável quando a renda fixa permite unir um retorno maior e uma segurança mais elevada, não é mesmo?
Por esse motivo, em um cenário de Selic em alta, é comum que o investidor prefira se expor a riscos menores na renda fixa — aproveitando a rentabilidade maior que essa classe de investimentos oferece nessa situação.
Ao considerar os efeitos da Selic nos investimentos, também é importante conhecer o conceito de prêmio de risco. Ele consiste na diferença entre o desempenho de determinado investimento e a performance da Selic, que é considerada a taxa livre de risco do Brasil.
Parece complicado, mas é simples, viu? Na prática, para ser atraente, o investimento deve oferecer um prêmio de risco mais elevado. Ou seja, um potencial de resultado mais alto para compensar os riscos existentes.
Nessas condições, valeria a pena deixar investimentos seguros e atrelados à Selic para ganhar mais, certo?
Como referência, vamos considerar a Selic em junho de 2022, que era de 13,25% ao ano. Se um investimento de renda variável tivesse um rendimento de 13,50% ao ano, por exemplo, o prêmio de risco seria de apenas 0,25 ponto percentual. Parece pouco, não é?
Logo, pode não fazer sentido deixar a segurança das aplicações em renda fixa para tentar obter esse ganho — já que ele não é garantido. Por outro lado, um investimento que ofereça potencial de retorno de 20% terá um prêmio de risco de 6,75 ponto percentual. Nesse caso, pode fazer mais sentido se arriscar.
Dessa maneira, investimentos que envolvem mais riscos precisam oferecer um potencial de ganhos muito maior para se destacar diante de uma taxa de juros elevada.
Você já sabe que a Selic afeta diretamente o mercado financeiro e pode tornar os investimentos de renda variável menos interessantes. É por isso que a bolsa de valores é afetada pela alta dos juros. Um dos principais motivos é, exatamente, o prêmio de risco — que você conheceu no tópico anterior.
Se os ativos da bolsa não tiverem um potencial de retorno que fique bastante acima da renda fixa, eles se tornam menos atrativos, não é verdade? E isso pode resultar em um fluxo de saída de investidores e gerar — ou aprofundar — uma queda da bolsa de valores.
Além disso, alguns setores da bolsa são mais afetados que outros. Se a empresa integra o segmento de varejo, ela pode ser especialmente impactada pela alta da Selic. Afinal, a tendência é que ocorra queda no consumo pela dificuldade de acesso ao crédito, afetando vendas e lucros.
Ao compreender o que ocorre com a bolsa quando a Selic sobe, você também pode entender com mais facilidade o que acontece quando a taxa cai. Nesse caso, a renda fixa fica menos atraente e há uma busca crescente pela renda variável na bolsa de valores. Esse foi o cenário do segundo semestre de 2020, quando a Selic atingiu a mínima histórica de 2% ao ano.
A partir do entendimento sobre essa relação, você tem a chance de acompanhar o comportamento do mercado e perceber, com clareza, os impactos de cada mudança nas taxas de juros ou nos movimentos na bolsa de valores. Não é bacana?
Com essas informações, portanto, ficará mais fácil analisar e encontrar formas de aproveitar oportunidades de investimentos ou proteger a sua carteira diante de cada cenário econômico.
Como você viu, a bolsa de valores pode perder atratividade quando a Selic sobe — e vice-versa. Por isso, vale a pena considerar as condições da economia e a relação entre esses movimentos para decidir como fazer suas aplicações financeiras.
Gostou de saber mais sobre a relação entre a Selic e a bolsa? Se ainda tiver dúvidas, deixe o seu comentário!
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